Por Maria Inês Felippe
Em
meio a um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, em que
garantir a empregabilidade é uma das atitudes mais condizentes, surge
uma pergunta bastante comum na esfera empresarial: quais são os
sacrifícios válidos para se garantir o emprego?
A
resposta é consenso geral quando tratada pelos especialistas de RH:
nenhum. Por definição, sacrificar-se é privar-se em benefício de outrem.
Uma coisa é o esforço, o desafio, a outra é o sacrifício, o sofrimento;
e em se tratando de relações trabalhistas, sofrer não deve ser condição
nem muito menos conseqüência, ainda mais quando é resultado de
situações de humilhação, constrangimento e submissão. Situações essas
que caracterizam o assédio moral.
O
conceito, bem como a idéia, não é tão recente assim. O assédio moral no
trabalho é um fenômeno antigo, mas que vem recebendo destaque pela
mídia nos últimos tempos devido a tendência de tornar as relações de
trabalho mais transparentes e justas. É um fenômeno mundial, que
consiste em degradar as condições de trabalho através de ofensas,
pressão e críticas excessivas das autoridades sobre seus subordinados.
O assédio moral acontece devido ao abuso do poder, provocando um cenário de discriminação dentro da empresa.
O
medo do desemprego é uma das principais causas desse fenômeno. Para
garantir seu emprego, o funcionário sujeita-se a atitudes
anti-profissionais; o chefe, por seu lado, transfere toda a insegurança
para sua equipe através de atitudes autoritárias. " Quando o funcionário
está com a auto-estima rebaixada, ele não se reconhece como
profissional, ficando predisposto a qualquer tipo de assédio" Mas essa
situação só prolifera quando favorecida por ambas as partes, Chefes
autoritários buscam funcionários submissos; e vice-versa. A situação só
irá perpetuar se o funcionário permitir."
Investir
em uma cultura estratégica de desenvolvimento humano como forma de
substituir a competitividade de negócios diminui as chances de surgirem
comportamentos negativos isolados, que tanto propiciam o assédio moral
outro aspecto que devemos introduzir é a cultura de aprendizado, no
lugar da punição, e a desmistificação das relações de poder, como
soluções para o problema.
"Enquanto
não existir a gestão participativa, cooperativa o cenário estará mais
favorável à gestão pelo medo, propiciando atitudes típicas do assédio
moral".
Em
empresas onde o profissionalismo é ação prioritária, cria-se uma
resistência a atitudes desse tipo. E se mesmo assim o assédio moral
persistir, o funcionário terá armas suficientes para se livrar dele ou
impedi-lo, através da denúncia ou a busca pelos responsáveis pela área
de RH da empresa, que terão um posicionamento estratégico em relação ao
problema.
Devemos
garantir o emprego, desde que os esforços envolvidos estejam ao nosso
alcance. Ser perseguido pelas injustiças de um chefe tirano, além de
consistir numa falta de respeito, compromete a dignidade de um
profissional e o seu direito como cidadão.
Maria Inês Felippe:
Palestrante, Psicóloga, Especialista em Adm. de Recursos Humanos e
Mestre em Desenvolvimento do Potencial Criativo pela Universidade de
Educação de Santiago de Compostela - Espanha. Palestrante e consultora
em Recursos Humanos, Desenvolvimento Gerencial e de equipes, Avaliação
de Potencial e competências. Treinamentos de Criatividade e Inovação nos
Negócios. Palestrante em Congressos Nacionais e Internacionais de
Criatividade e Inovação e Comportamento Humano nas empresas. Vice
Presidente de Criatividade e Inovação da APARH. Visite seu web site www.mariainesfelippe.com.br.