* por Tom Coelho
“Você faz suas escolhas
e suas escolhas fazem você.”
(Steve Beckman)
No mundo corporativo
de hoje os profissionais são constantemente colocados à prova mediante dilemas
que lhes são apresentados. Por exemplo, o que fazer quando a empresa exige
tanto do executivo que ele tem que escolher entre a vida pessoal e a
profissional?
Primeiro, vamos
compreender o que é um dilema. Etimologicamente, trata-se de uma decisão entre
duas alternativas contraditórias e mutuamente insatisfatórias. Você quer as
duas coisas, mas só pode optar por uma. A escolha é tensa, árdua e, por vezes,
dolorosa.
Em 1982, o diretor
norte-americano Alan J. Pakula, à época já consagrado pelo filme “Todos os
homens do presidente”, que narrava a investigação do caso Watergate, comandou
Meryl Streep e Kevin Kline na obra-prima “A escolha de Sofia”. O filme contava
a história de uma mãe polonesa que durante a Segunda Guerra Mundial é forçada
por um soldado nazista a escolher um de seus dois filhos para ser morto sob
pena de ambos serem executados –um autêntico dilema.
De volta às empresas,
quem disse que carreira e vida pessoal são faces de uma mesma moeda que não
pode manter-se em pé? O equilíbrio, do latim aequilibrium, remete à manutenção
do mesmo nível (aequus) das balanças (libra). Em suma, conciliar vida pessoal e
profissional não é uma escolha de Sofia!
É importante
compreender que estes dois universos são indissociáveis, ou seja, não há como
separar um do outro, acreditando que o profissional, ao adentrar os domínios da
empresa, deixará do lado de fora problemas como um filho enfermo, contas
atrasadas ou relacionamento conjugal em crise, dedicando-se integralmente às
metas corporativas com plena produtividade.
Decerto há momentos
que nos exigem esforço e dedicação superiores. Horas de trabalho que avançam
pela madrugada, por dias sucessivos, regadas a fast food e breves cochilos,
negligenciando a família e os interesses pessoais. Tudo para concluir um projeto,
desenvolver um produto ou conquistar um novo cliente. O problema ocorre quando
um evento circunstancial como este se torna rotineiro.
Se você é solteiro ou
está em início de carreira, é possível que aceite de bom grado assumir o papel
de workaholic imposto pela empresa –ou autoimposto. E sentir-se feliz e
realizado com esta opção.
Porém, se as demandas
corporativas estão além do que você gostaria, trazendo-lhe desconforto, assuma
as rédeas da situação. Trabalhe com afinco durante sua jornada, aprenda a
delegar tarefas operacionais e demonstre ao seu empregador que não é a
quantidade de horas, mas a qualidade das horas trabalhadas o fator determinante
para seu bom desempenho e o sucesso da organização.
Procure dialogar com
seu superior hierárquico, determinando uma agenda positiva, capaz de atender
expectativas da empresa e contemplar seus interesses pessoais.
Porém, se ficar claro
que a corporação na qual você está tem perfil patológico ou é liderada por
pessoas que não enxergam nada além da última linha do balanço –apesar de toda
uma retórica voltada à motivação e incentivo à qualidade de vida– considere
buscar uma recolocação no curto ou médio prazo.
Lembre-se de que sua
escolha não deve ser entre a vida pessoal ou profissional, mas entre ser feliz
ou infeliz.
* Tom
Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 15
países. É autor de “Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e
profissional”, pela Editora Saraiva, e coautor de outros quatro livros.
Contatos através do e-mail tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: www.tomcoelho.com.br e www.setevidas.com.br.