EUNICE MENDES
Consultora Sênior Do Instituto MVC
Autora Do Livro Comunicação Sem Medo
Você
algum dia, já se sentiu frustrado porque um colega de trabalho
conseguiu a posição que você tanto almejava? Você já se questionou
porque seu amigo, com pouca instrução, conseguiu consolidar um
patrimônio financeiro e você, com toda a sua experiência e estudo, nem
mesmo tem uma casa própria? Você já se surpreendeu pensando que venderia
10% da sua inteligência para conquistar maior beleza física e
magnetismo pessoal? Você já ficou enciumado em um evento social só
porque sua mulher brilhou mais que você, mostrando-se comunicativa,
simpática e cativante?
Se
você já sentiu algumas dessas emoções, não se desespere! A Inveja, um
dos sete pecados capitais, é um dos sentimentos mais comuns entre os
seres humanos. Seja bem-vindo ao mundo dos normais !
Mas
por que essa emoção costuma ser constrangedora? Nossa cultura
educacional familiar e religiosa estabelece como crença e valor que a
Inveja é um sentimento a ser negado, pois é considerada uma anomalia
social. Experimente em um bate-papo com alguns companheiros de trabalho
dizer que sente Inveja de seu Diretor. Você estará correndo o risco de
ser alvo de fofocas e receber do grupo uma atitude de isolamento por ser
considerado um elemento perigoso à Organização.
Essa pressão psicológica contribui para um sentimento de culpa, quando nós nos flagramos invejando o poder do outro; como se isso representasse uma ameaça dolorosa à nossa auto-estima e às qualidades necessárias para a imagem de homens de bem.
É necessário livrar-se da culpa e humanizar a Inveja.
Nenhum
sentimento por si só é bom ou ruim, tudo depende da forma de
administrá-lo. É preciso, antes de mais nada, perceber a diferença entre
a Inveja primitiva, que nos impele aos conflitos internos e corrosivos e
onde a única preocupação é maldizer o sucesso alheio, da
Inveja-admiração, aquela bem gerenciada, que pode nos tirar do comodismo
e nos impulsionar a uma competição saudável para enfrentar desafios.
INVEJA DESTRUTIVA
Consideramos que só o outro possui características positivas a serem admiradas;
Sentimo-nos eternos espectadores passivos do sucesso alheio;
Desperdiçamos tempo, deixando de viver plenamente quem somos, embutindo nossos talentos ocultos;
Canalizamos nossa energia para destruir quem tem aquilo que ambicionamos;
Temos os desejos e não fazemos nada para objetivá-los. Perdemos os sonhos porque não investimos neles.
Nessas
circunstâncias, a Inveja é improdutiva e perniciosa, podendo gerar
ressentimentos e um profundo pessimismo existencial, resultantes do
complexo de inferioridade e da auto-imagem negativa.
Não se torne refém de sua INVEJA.
INVEJA SAUDÁVEL
Funciona como elemento propulsor para a mudança;
Serve de espelho para a auto-análise;
Estimula o crescimento pessoal;
Aproxima-nos de quem admiramos;
Incita-nos a lutar para conseguirmos aquilo que queremos.
SUGESTÕES
Como vemos, pode-se reescrever o roteiro final do filme imaginário “A Inveja e suas sombras” e conduzir esse sentimento para um final mais produtivo e enriquecedor.
Algumas sugestões para administrar a Inveja, tornando-a um fator positivo:
Realize uma auto-análise, avaliando sem preconceitos, os próprios sentimentos;
Reconheça que ela pode ser fator de crescimento quando transformada em admiração;
Analise
racionalmente a questão: o que invejo é possível de ser conquistado?
Que conhecimentos preciso obter? Que habilidades precisam ser
desenvolvidas? Que atitudes desejo assumir para viabilizar meus
objetivos?
Não use a Inveja como desculpa para a inércia;
Não sofra pelo sucesso alheio. Trace metas para atingir seus objetivos;
Não tenha vergonha de perguntar para as pessoas, que você considera ter qualidades invejáveis, o segredo do sucesso delas;
Conscientize-se de suas habilidades a serem exploradas e valorizadas;
Direcione seus talentos e habilidades em seu próprio benefício;
Tenha coragem para admitir e corrigir suas falhas;
Avalie constantemente os resultados alcançados.
Em nossa vida não precisamos ficar como eternos voyeurs
rancorosos do sucesso alheio, nem nos colocarmos na posição de vítimas
abandonadas pelo destino. É possível tornar a Inveja uma alavanca para o
autoconhecimento, que pode nos conduzir a um maior comprometimento com a auto-disciplina e com um jeito mais produtivo de viver.