ALEXANDRE FREIRE
Consultor Sênior do Instituto MVC
O Eduardo
era um cara muito dedicado ao trabalho, para não dizer workaholic.
Fumava um pouco, bebia um pouco, mas gostava mesmo era de trabalhar. Começava
cedo e terminava tarde. Às vezes, ia até o escritório aos sábados, ou levava
para casa algumas pendências da semana. O Eduardo era uma pessoa que não tinha
tempo para nada, afinal, o trabalho consumia a maior parte de seu dia, sendo o
resto do tempo gasto com necessidades físicas como comer, beber e, às vezes,
dormir...
Certa vez,
decidiu melhorar sua qualidade de vida, e começou a jogar bola aos domingos,
pois aos sábados, como disse, tinha de trabalhar. Em um destes domingos de
futebol, passaram a bola para o Eduardo, e ele, como se fosse um menino,
avançou com ela em direção ao gol, até que subitamente, sentiu uma dor profunda
no peito, caiu, e jamais acordou outra vez. Esta é uma história real, e é
semelhante também à história de muitos profissionais atualmente.
As pessoas,
como o Eduardo, acreditam que qualidade de vida significa separar umas horas no
fim de semana para fazer exercícios e se divertirem. É o mesmo que encher um
balão soprando cinco vezes com muito esforço e dando uma pausa para adquirir
novo fôlego. No final, após soprar ininterruptamente, o balão estoura, apesar
das pausas para descanso.
Qualidade de
vida é a busca permanente do equilíbrio entre os diversos papéis e atividades
que desempenhamos diariamente. Se você é uma pessoa guiada pela agenda, você é
escravo do relógio. O relógio é apenas um indicador de tempo, não um indicador
de prioridades. Sugiro que você preste mais atenção à bússola. Uma
bússola é composta por uma agulha magnética na horizontal suspensa pelo centro
de gravidade, e aponta sempre para o norte. Por quê então prestar atenção a
bússola? Porque ela direciona seu caminho.
Quando
estabelecemos nossas prioridades, estabelecemos um norte, um caminho, um
objetivo. A bússola é isto. Ela aponta o norte e você sabe para onde deve ir
guiado pelas prioridades estabelecidas anteriormente. A busca pela qualidade de
vida vai exigir de você mais determinação e disciplina que qualquer outra
escolha. Quando você se deixa levar pelo relógio, você se condiciona a viver o
urgente, que não significa, necessariamente, que seja o importante.
Voltemos ao
Eduardo. Se o Eduardo tivesse usado a bússola, ele teria descoberto que uma de
suas prioridades na vida seria sua saúde. Ele jogaria futebol e faria
caminhadas regulares. Outra prioridade seria conviver com sua filha. Se
programaria para levá-la a escola pelo menos três vezes por semana e brincaria
com ela aos sábados. Uma outra prioridade seria de ordem espiritual,
envolvendo-se em alguma atividade beneficente. Enfim, o Eduardo seria conduzido
pela bússola, mas através do equilíbrio de seus papéis.
O que causou
a morte de Eduardo não foi jogar bola aos domingos! O que matou Eduardo foi o
desequilíbrio entre seus diversos papéis e atividades diárias. Ele se deixou
conduzir pela agenda das tarefas de um papel só: o de profissional. Eduardo
soprou o balão com muita força, e apesar de dar uma pausa jogando bola aos
domingos, o balão acabou estourando, deixando para trás sua mesa na empresa que
foi rapidamente ocupada por outro profissional.
Porém, em
casa, no clube, e na comunidade onde vivia, deixou um rastro de vazio, vazio
este que jamais será preenchido por outra pessoa. O Eduardo é único, como você
é único.
Responda agora. Se você tivesse seis meses de vida, que atividade
você enfatizaria menos hoje? Sua resposta é um ponto de partida para
começar a mudar.
ALEXANDRE FREIRE
Consultor Sênior do INSTITUTO MVC
em Gestão de Marketing, Planejamento, Organização do Trabalho e Gestão
do Tempo. Graduado em Administração de Empresas e Ciência da Computação,
mestre em Administração de Empresas pela University of Oklahoma.