(Pablo Neruda)
Texto de JOÃO ALFREDO BISCAIA Consultor Sênior do Instituto MVC
Sinto um forte desconforto ao ouvir as pessoas afirmarem que “não se arrependem de nada que fizeram na vida”. Confesso que chego
a ter um sentimento de piedade, já que se arrepender de um erro – coisa
na qual todos nós humanos invariavelmente incorremos – é uma atitude de
grandeza, de renovação, de vida diferente.
Ao ler a biografia de Juscelino Kubitscheck aprendi que “não ter compromisso com o erro”
foi um traço marcante em sua vida. Juscelino foi sempre reconhecido
pelo seu estilo empreendedor, inovador e arrojado, uma pessoa que admitia o erro, qualidade que mesmo seus mais ferrenhos adversários políticos reconheciam.
Quero
confessar, autêntica e espontaneamente, que errei muito na minha vida,
mais do que talvez devesse, nos diversos papéis que desempenhei ou que
ainda desempenho, tais como: pai, marido, filho, irmão, profissional, colega, amigo e em todos os demais relacionamentos humanos que tenho mantido nesse já longo tempo de caminhada.
Tenho que aprender – e não apenas ensinar – que é preciso reexaminar os erros. Como na vida o errar é inevitável,
tento analisar com objetividade as falhas do passado de modo a
minimizar o efeito dos erros que vier a cometer no futuro. Isto exige
coragem e perseverança, mas acredito que valha a pena, principalmente
quando se aceita o princípio de que ninguém neste mundo é perfeito. Todos nós temos qualidades e pontos a melhorar. Não somos produtos “acabados”, mas em processo.
É importante relembrar que a experiência só tem sentido quando se aprende com ela. A experiência por si só é nada. Ela nada ensina, só aprendemos com aquilo que transformamos em uma nova experiência que iremos vivenciar.
Relaciono, abaixo, 14 das principais aprendizagens observadas a partir dos inúmeros erros que já cometi, e que são irreversíveis.
· Amar e confiar
requerem correr o risco de não ser amado e de sofrer decepções.
Positivamente acredito não existirem alternativas para amar e confiar.
· Não raciocinar apenas com base nos meus desejos e necessidades. Os interesses, preferências e motivações diferem de pessoa para pessoa.
· “Faça aos outros o que gostaria que fizessem com você”:
mensagem que a maioria das pessoas recebe nos primeiros anos de vida.
Na fase adulta, e trabalhando em organizações como líder de pessoas e
observando líderes de pessoas, tive que rever este ensinamento para: “Faça aos outros o que gostariam que fizessem com eles”.
E para que isso aconteça é necessária muita paciência, atenção e
conversa com as pessoas com quem trabalhamos e vivemos, com o propósito
de identificar cuidadosamente suas reais necessidades e interesses.
· Nada muda, se você não mudar. Obteremos sempre os mesmos resultados, se adotarmos a mesma conduta.
· A segurança emocional e psicológica “pode”, em certas situações, ser mais importante e valiosa do que a segurança financeira.
· Evitar racionalizar os nossos erros.
Saber ouvir dos outros, com atenção, aquilo que pensam, sentem e
percebem a nosso respeito. Com isto, evitamos a doença conhecida como
“auto-engano” ou “auto-ilusão”.
· Dar e receber feedback
é uma manifestação de respeito e afeto, desde que o propósito do
emissor seja realmente o de contribuir para a correção dos nossos erros.
É uma expressão de humildade e reconhecimento do receptor, ao absorver
as informações.
· Os
sentimentos de desprezar e ignorar as outras pessoas são os mais
doloridos. Deixam cicatrizes profundas, que um simples mercurocromo não
fecha.
· Admitir que podemos vir a cometer os mesmos erros, mas jamais perder a esperança de deixar de cometê-los.
· Que a vida não tem replay, é
uma só, até que se comprove com certidão de nascimento registrada em
cartório confiável, assinado em baixo, DEUS. (Vinicius de Morais)
· Que ganhar dinheiro fazendo o que gostamos nos oferece um enorme prazer. Não tem preço.
· Que ganhar dinheiro fazendo aquilo que NÃO gostamos passa a ser uma indenização pela nossa infelicidade. (Peter Drucker)
· Que o tempo é inelástico, de reposição impossível. Aproveite!
· Não
conseguimos mudar o passado, mas é possível mudar a maneira como
enxergamos o passado. Precisamos ter uma atitude em relação a ele e,
ainda, visualizarmos o presente como o grande laboratório para vivências
futuras mais adequadas. Não é à toa que chamamos o tempo real de um
“presente”, já que cada dia é, de fato, uma oportunidade para
elaborarmos um amanhã melhor.
Relaciono a seguir, algumas outras idéias para reflexão:
· Se
um casamento não der certo, e a melhor decisão para ambos for pela
separação, não devemos descartar a idéia de não vir a ter outro
casamento. Considero um desperdício de vida, deixar de compartilhar com
alguém, que corremos o risco de amar, os objetivos e interesses comuns.
· A realidade tem me comprovado que não abandonamos casamentos, mas a pessoa com quem casamos.
· A realidade tem me comprovado que não abandonamos casamentos, mas a pessoa com quem casamos.
· Podemos
e devemos vivenciar e aplicar no novo casamento comportamentos atitudes
que não tivemos anteriormente. As razões são várias, menciono a mais
importante: renovar a nossa atitude, agindo de forma diferente, por ambas as partes. .
· Se
o trabalho em determinada organização não está correspondendo às nossas
expectativas e motivações, devemos abandoná-lo, buscando novos caminhos
e alternativas. A vida é uma só. Não há vídeo tape. Devemos correr o risco, nos expormos.
· Afirmar
depois de 10, 20, 25 e até 30 anos de trabalho que você faz algo de que
não gosta, corresponde a ser um “morto” vivo. O mesmo raciocínio é
válido para casamentos.
· Li
recentemente uma frase, de Henry Ford, que me sensibilizou muito. “Se
pensas que podes o que não podes, estarás sempre com a razão”.
· Tento buscar outros caminhos, mesmos que sejam atalhos, que podem ser mais difíceis, mas podem me trazer uma nova vida!!!
Pretendo voltar a tratar desse assunto! Até breve... Até quando? Não tenho a menor idéia.
JOÃO ALFREDO BISCAIA é Consultor Sênior do Instituto MVC.
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