* por Tom Coelho
“Professor não é o
que ensina,
mas o que desperta no
aluno a vontade de aprender.”
(Jean Piaget)
Minha paixão pela banda Supertramp, ainda quando
garoto, levou-me a apreciar um instrumento musical em particular: o saxofone.
Tanto que decidi comprar um, usado mesmo, a partir de anúncios classificados de
um jornal, num tempo em que a internet ainda era sequer um embrião.
Então, busquei um instrutor e passei a tomar aulas
periódicas com a expectativa de, um dia, tocar “The Logical Song”. Mas para
atingir este estágio, descobri que teria que aprender escalas musicais, além de
ler partituras.
Meses se passaram e, frustrado, descobri-me
absolutamente desprovido de talento musical. Olhar para um pentagrama com suas
claves de sol, semibreves, colcheias, bemóis e sustenidos era um atestado de
ignorância plena. Era o mesmo de vislumbrar a fórmula do tolueno sem entender
patativa de química orgânica.
Resignado, no auge de minha adolescência, aposentei
meu sonho. E, desde então, o sax passou a ser um mero adorno. Aproveitando sua
beleza estética, passei a afixá-lo na parede de escritórios e, mais tarde, na
sala de estar de minha casa.
Quase duas décadas depois, numa daquelas fases da
vida que decorrem de uma crise existencial, experimentei o meu “momento da
virada”. E dentre as diversas deliberações estabeleci como meta aprender a
tocar ao menos uma canção que fosse com o instrumento.
Foi quando conheci Alexandre Pena, um jovem professor
que de tão apaixonado por música, desenvolveu seu próprio método. E ele, com
ponderação e tolerância, fez-me compreender que eu poderia não ter talento
musical, mas tinha inteligência musical suficiente para aprender a tocar
saxofone. Escala por escala, acorde por acorde, rompi o bloqueio mental que se
instalara e aprendi a apreciar a música e a estudá-la rotineiramente.
Dizem os dicionários que professor é aquele que
professa, seja uma crença ou uma religião. E você só pode professar sobre algo em
que acredita, confia e segue...
Shakespeare, por sua vez, dizia que "heróis
são pessoas que fizeram o que era necessário, arcando com as
conseqüências".
Quando elegemos um guru, e muitos professores
assumem este papel, em verdade estamos vislumbrando um herói, que ao longo de
toda uma trajetória de erros e acertos pavimentou uma trilha pela qual o
aprendiz transita com segurança e conforto.
O tempo passa e cada um de nós também abre clarões
por entre a mata. E nos descobrimos igualmente como heróis, em especial quando
dispostos a arcar com as conseqüências.
Enquanto educadores, esta é nossa maior e talvez
única missão: inspirar nossos alunos. Ajudá-los a se descobrirem, a
desenvolverem suas múltiplas inteligências. Trabalhar habilidades técnicas, mas
também comportamentais e valorativas. Proporcionar-lhes a oportunidade de
caminhar pelo chão batido ou asfaltado de terrenos abertos e sinalizados pelo
prazer ou pela dor de nossas experiências.
Muitos já devem ter sido os alunos que capitularam
em seus anseios, expectativas e sonhos por conta de maus mestres que,
consciente ou inconscientemente, regaram sementes com fel ou as lançaram em
terreno infértil. Mas, felizmente, há também aqueles que promoveram o
entusiasmo e despertaram vocações. Porque a vida de um professor se prolonga em
outras vidas.
Tom Coelho, com formação em
Publicidade pela ESPM, Economia pela USP, especialização em Marketing pela
Madia Marketing School e Qualidade de Vida no Trabalho pela USP, e mestrando em Gestão Integrada
em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente pelo Senac, é consultor, professor
universitário, escritor e palestrante. Diretor da Lyrix Desenvolvimento Humano,
Diretor Estadual do NJE/Ciesp e VP de Negócios da AAPSA. Contatos pelo e-mail
tomcoelho@tomcoelho.com.br.
Visite: www.tomcoelho.com.br.
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