AMÉRICO
MARQUES FERREIRA
Consultor Sênior do Instituto MVC
Autor dos cursos e-learning Gestão da Mudança e Team
Building
Apesar de o título sugerir um tema culinário, este
artigo trata de liderança e de relações interpessoais.
Sabemos que os ingredientes acima reagem de formas
distintas quando submetidos à ação de água fervente.
Assim, o ovo endurece, o pó de café se dilui
tingindo a água e a cenoura cozida amolece.
Por analogia, um mesmo estímulo suscitará respostas
diferentes de uma amostra de seres humanos, ensejando-nos a conclusão (óbvia?)
de que não há duas pessoais iguais na face da Terra, no tempo e no espaço.
Cada indivíduo possui um conjunto de
características que o torna singular, dentre as quais podemos ressaltar seu
DNA, sua impressão digital, seu fundo de olho, sua arcada dentária, sua
história de vida, entre outras tantas.
Até mesmo gêmeos univitelinos, popularmente conhecidos
como idênticos, apesar das semelhanças físicas, apresentam estilos que os
tornam peculiares, chegando a ter características comportamentais
diametralmente opostas, como extroversão - introversão, por exemplo.
Com muita perspicácia já dizia Ruy Barbosa: “Não há
nada mais injusto do que tratar igualmente os desiguais”.
É muito comum se cometer o erro de dispensar um
tratamento genérico a um conjunto de pessoas, ignorando as implicações das
premissas que acabamos de enunciar.
Ao se pretender lidar “no atacado” com uma situação
que envolve várias pessoas, na maioria das vezes, atinge-se a extrema “façanha”
de descontentar a todos. Com alguns, errando por excesso de rigor, com outros,
pela adoção de medidas insuficientes para corrigi-la.
Isto se aplica tanto para relações familiares,
entre pais e filhos, como para o mundo corporativo, entre um líder e sua equipe
de trabalho.
A guisa de ilustração, vamos analisar as seguintes
situações:
QUANDO SE DESEJA MANIFESTAR RECONHECIMENTO A UMA
EQUIPE POR UM BOM TRABALHO REALIZADO:
Se um líder o fizer de maneira impessoal, sem
destacar os méritos de cada integrante para o sucesso coletivo, dificilmente
alguém se sentirá estimulado a continuar oferecendo o melhor de seus esforços
em decorrência de tal homenagem.
Seria semelhante a colocarmos uma bala na boca sem
retirar a embalagem, impedindo-nos de degustar o seu sabor.
QUANDO SE CHAMA A ATENÇÃO DE UMA EQUIPE EM FUNÇÃO DE UM ERRO
COMETIDO POR UMA ÚNICA PESSOA
Certamente, os que nada tiveram a ver com o
problema em questão poderão se sentir injustiçados por aquela generalização
indevida.
Por outro lado, a pessoa a quem deveria ser
dirigida aquela mensagem poderá não aprender com seu erro, pela generalização
da culpa.
Além da personalização do tratamento anteriormente
recomendado é importante ainda se considerar que:
1.
ELOGIO SE FAZ EM PÚBLICO, quer para reconhecimento das contribuições
individuais, quer para servir de exemplo e estímulo aos demais.
2.
REPRIMENDA SE DÁ EM PARTICULAR, a fim de permitir a
tomada de consciência sobre as causas que provocaram o erro, assim como,
evitar-se expor uma pessoa à execração pública, de modo a preservar sua
auto-estima.
3.
EM AMBAS AS MENCIONADAS SITUAÇÕES há que se respeitar as
características pessoais e o nível de maturidade dos envolvidos.
4.
A NECESSIDADE DE AGUÇAR NOSSA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, semelhante à capacidade
dos morcegos os quais, durante seu vôo, utilizam-se dos potentes “radares” de
seus ouvidos para detectar eventuais obstáculos através da reflexão dos sons
emitidos por eles mesmos (imperceptíveis aos ouvidos humanos).
CONCLUSÃO
Ao adotar estas
recomendações estaremos aumentando a probabilidade de sucesso no exercício da
liderança, evitando posturas reducionistas, semelhantes a um elefante numa loja
de porcelana, sob a argumentação de que um líder autêntico e justo é aquele que
dispensa a todos o mesmo tratamento.AMÉRICO MARQUES FERREIRA